quarta-feira, 25 de abril de 2018

A Nutrição e os Transtornos Alimentares

O papel da Nutricionista no trabalho de recuperação de pacientes com Distúrbios Alimentares foi o tema do artigo “Espelho, Espelho meu…” de Joyce Souza, nutricionista da Holiste, publicado no Jornal A Tarde.  Leia o artigo completo abaixo.


Nossa relação com o próprio corpo é amplamente influenciada por fatores socioculturais, entre eles a moda e suas tendências. Como consequência, homens e mulheres apresentam um conjunto de preocupações e insatisfações com suas imagens corporais, levando-os a praticar exercícios, cuidar da alimentação, direcionando seus desejos e hábitos pessoais à confecção de uma aparência ideal. Muitas vezes, seguir essas tendências pode levar a pessoa a uma busca incessante, acompanhada de um sentimento de angústia sem solução.

A imagem corporal é descrita como a capacidade de representação mental que cada indivíduo tem do próprio corpo, envolvendo aspectos relacionados à estrutura (tamanho, dimensões), aparência (forma, aspecto), entre outros tantos componentes psicológicos e físicos que se auto determinam. Trata-se de uma construção multidimensional que corresponde ao modo como cada um pensa, sente e se comporta frente aos seus atributos corporais.

Nas sociedades contemporâneas essa construção nem sempre está associada à boa saúde. Isso se torna mais evidente com o atual crescimento de patologias como bulimia, anorexia ou vigorexia, onde a imagem corporal do indivíduo é percebida com uma grande distorção, causando sofrimento e prejuízos à sua vida. Podemos mesmo dizer que os transtornos alimentares e a preocupação excessiva com a imagem corporal andam de “mãos dadas”.

O papel do nutricionista é fundamental na recuperação desses pacientes. É ele quem vai estabelecer um plano dietético que forneça os nutrientes necessários para um funcionamento pleno do corpo. Uma dieta rica e balanceada pode auxiliar o equilíbrio hormonal, o metabolismo, a recuperação e estabilização de algumas funções neurológicas importantes, fatores que influenciam diretamente o comportamento. Até mesmo a atuação das medicações psiquiátricas depende de um organismo metabolicamente funcional. O nutricionista, junto ao médico, deve considerar as possíveis reações medicamentosas no momento do planejamento dietético, tentando maximizar os efeitos desejados e inibir os possíveis efeitos colaterais.

A divinização da boa forma não é uma novidade da nossa sociedade. Os gregos já cultuavam a beleza, o corpo padrão. O problema atual parece residir na velocidade com a qual os padrões mudam, aliada aos valores e cobranças propagados pela indústria da boa forma. Somente a prescrição de uma dieta adequada não garante o restabelecimento do indivíduo; é preciso abordar a raiz do problema, aquilo que desencadeia a distorção da autoimagem, através de um trabalho multidisciplinar que envolve psiquiatras, psicólogos, terapeutas, educadores físicos e nutricionistas. É um processo longo, adaptativo, no qual o nutricionista deve estar sempre atento às demandas que surgem em cada nova fase da recuperação do paciente.
Fonte: Holiste